terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sonhos e cavalos selvagens

A vida sabia a mistério, liberdade, oportunidades únicas e portas que se abriam. Ela nunca havia vivido tão intensamente. Vibrava a cada inspiração, sabendo que queria, precisava aproveitar todo o ar, os sorrisos, as notas musicais, todos os cheiros.

Ele deu-lhe esses instantes. Cada olhar era uma história nova que se desenrolava. Naquela troca as promessas cresciam, como doces a fermentar no lume, o perfume adocicado despertando paladares. Sorrir-lhe ou fazê-lo sorrir abria um sonho. Daqueles, eternos, com cavalos brancos à mistura.

Quando passaram dos olhares aos passeios, o céu, as estrelas e a Lua tornaram-se as companheiras diárias, cujos reflexos no planeta os faziam querer manter a noite para sempre. Depois veio o subtil toque, o sabor a maresia dos lábios, o desejo ardente acreditar nos sonhos, nas histórias, nos bolos a fermentar, nos cavalos brancos e selvagens, nas estrelas e no salgado verde da brisa.

E depois... o lento distanciamento, quebrando sonhos e corações. O olhar discreto, ainda fazendo estremecer joelhos. As mensagens dúbias, os longos silêncios.

Outras histórias, outras realidades... e um adeus que parecia impossível de acontecer, mas que era apenas e somente a única parte que pertencia à realidade.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Reencontro


O rosto de mulher madura incendiou-se a vê-lo. Os traços vincados que lhe percorriam a pele do rosto, ainda firme, e que contavam a historia das estradas que percorrera, das paixões que vivera, das lágrimas que derramara, atenuaram-se como um suave desfolhar de um botão de rosa.
A musica acordava-lhe o corpo. O ritmo, as luzes da noite, os sons conhecidos do prazer nocturno despertavam-lhe as memórias e o coração. Sorriu para os companheiros e levantou-se, jogando o xaile para o lado. Bateram palmas para ela, incentivando à loucura.
Rodou, moveu as ancas com a leveza de uma jovem, fechou os olhos e deixou-se levar para os céus, enquanto o seu corpo permanecia no êxtase do movimento.
Num canto, ele observava. O cabelo grisalho nas têmporas, ainda era suficientemente grande para a olhar sem o dar a entender. Há quanto tempo... e, no entanto, nunca lhe parecera tão apetecível como naquele momento. A idade não tinha passado. Porque não tinham ficado juntos? Não conseguia lembrar-se, era a verdade...
Não se arrependia das suas escolhas, nem do que fora ao longo do tempo. Sabia que escolhera bem, quando a escolha não fora ela. Como a queria, naquele momento?
Através das pestanas negras, ela levantou o olhar claro para o seu rosto, não deixando de dançar. E ele sorriu. Aquilo já acontecera antes! Ela também o entendeu e deitou a cabeça para trás. Era uma dança conhecida, e ambos sabiam como iria acabar.
Foi ela quem se aproximou, lentamente, por meio de passos de dança, como se não fosse ele o seu destino. Ele agarrou-lhe a cintura e sentiu-se feliz. Pura e simplesmente feliz, seria assim tão simples? Sentiu-lhe o toque no rosto, lento, quente, apaixonado. Beijou-lhe a mão que o tocava.
- Vem cá... - a voz enrouquecida -la aconchegar-se mais ao seu corpo, colando-se com simplicidade.
- Irei sempre... - foi a resposta.
Beijou-a. Como da primeira vez, com firmeza, mas a medo. E, como da primeira vez, os braços dela enroscaram-se no seu pescoço e ela puxou-o para si, com um suspiro. Como se tivesse ansiado aquele beijo a vida inteira. Poderia o universo ser tão perfeito?
Desta vez dedicou-se a beijá-la vezes e vezes sem conta, sem pressas... os anos tinham passado, mas na verdade, nunca tinham tido tanto tempo pela frente...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

And that's it...



If you see me walking down the street
Staring at the sky
And draggin my two feet
You just passed me by
It still makes me cry
But you can make me whole again

And if you see me
with another man
Laughing and joking
doing what I can
i won't put you down
cause I want you around
you can make me whole again

Chorus:
Looking back on when we first met
I cannot escape
And I cannot forget
Baby you're the one
You still turn me on
You can make me whole again

Time is layin' heavy on my heart
Seems I've got too much of it
Since we've been apart
My friends make me smile
If only for a while
You can make me whole again

Chorus:
Looking back on when we first met
I cannot escape
And I cannot forget
Baby you're the one
You still turn me on
You can make me whole again

For now I'll have to wait
But baby if you change your mind don't be too late
Cause i just can't go on
It's already been too long
But you can make me whole again

(whoa, whoa, whoa, whoa)

Chorus:
Looking back on when we first met
I cannot escape
And I cannot forget
Baby you're the one
You still turn me on
You can make me whole again

(Oh whoah)

Chorus:
Looking back on when we first met
I cannot escape
And I cannot forget
Baby you're the one
You still turn me on
You can make me whole again

Oh baby you're the one
You still turn me on
you can make me whole again

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Breathe me


Não tomarás conta da minha vida. Mas é este canto que guardo para tomar conta de ti, deste sentimento tão longíquo que, por vezes, é mera espuma das ondas, noutras, toma conta de mim como uma avalanche.
Assim é amar-te.
Sempre foi.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Procuro. Procuro-te. Anseio-te, respiro.

Caminhos, meus passos seguem o cheiro da tua essência, pelas tuas ruas, onde percorres sozinho o trilho da noite. Quero. Quero-te. Busco em mim, nos pedaços que se interligam, como marionetas, um pouco de ar, força vital, realidade. Encontro apenas o anseio, o desespero, a infindável busca do teu corpo nas noites em que nos encontrámos, das tuas mãos, suaves e quentes, percorrendo cada trilho do meu rosto, afastando-me gentilmente o cabelo, gargalhando no meu pescoço, soprando o desejo em cada faísca do olhar.

Procuro-te. Despedaço cada parte de mim, a cada sorriso forçado, a cada passo que me distancia. Mas vem ela, a noite, que me abriga dos sinais do tempo. A noite que me trás a tua brisa, como uma canção antiga e confortável. Olho em volta, percorro distraidamente cada ser com quem me cruzo, mas não chega. Não chegas.

Anseio-te, respiro-te, amo-te. Aproxima-te, chega-te a mim, sorri-me, admira-me, toca-me. Brinca, provoca-me, invade-me. Toma-me, despe-me, beija-me. Funde-te em mim.

Procuro-te, percorro-te, estendo-te os braços. E encontro somente uma madrugada fresca e majestosa. Vazia. Só.

sábado, 27 de junho de 2009

Invade-me o amanhecer do teu abraço.
A conquista do espaço nos teus lençois,
dos sorrisos que partilhámos
em cada toque.

Invade-me a lembrança que me alimenta.
O respirar suave dos teus murmúrios,
suspirados no meu regaço
entralaçados em suspiros apaixonantes...

Invade-me o vazio oco,
largado no leito, outrora trono
do teu ser.
Invade-me a saudade
do que nao chegou a ser...

Retalhos

O pedaço de alma que esmoreceu não se estilhaçou em mil pedaços.
Não...
A parte quebrada da minha alma mantém-se ligada pelos retalhos que deixaste, alguns, pequenas migalhas de palavras... outros, imagens vividas no corpo, onde a pele ainda se arrepia com a memória do teu cheiro, o toque abrasivo das tuas mãos,dos lábios suaves e contrastantes com a brutalidade do teu ser.